domingo, julho 31, 2005

Meus bons amigos

Barão Vermelho

Meus bons amigos
Onde estão
Notícias de todos
Quero saber

Cada um fez sua vida
De forma diferente
Às vezes me pergunto
Malditos ou inocentes

Os nossos sonhos
Realidades
Todas as vertigens
Crueldades

Sobre os nossos ombros
Aprendemos a carregar
Toda vontade
Que faz vingar

No bem que fez
Pra mim, assim
Assim, me fez
Feliz assim

O amor sem fim
Não esconde o medo
De ser completo
E imperfeito

A música me veio à cabeça logo que acordei hoje, e está aqui para ilustrar o título do post. Eu não tive a oportunidade de escrever sobre amizade neste 20 de julho, nem mandar mensagens, pois foi um dia um pouco conturbado para mim.
Mas, como disse o sábio e nobre Mario Quintana, "a amizade é uma espécie de amor que nunca morre", e não tem hora nem lugar para ser celebrada.

Ontem eu tive o privilégio de estar em uma festa cercada por aqueles que são os meus melhores amigos. Cada um deles vem partilhando comigo de vários e diferentes momentos da minha vida (nossa! e quão diferentes, penso eu com meus botões aqui), cada qual com a sua contribuição, o seu jeito de ser, a sua única e valiosa maneira de demonstrar amor, carinho, amizade.
Dizer que eu pensei nisso ontem? Não, mentira, não pensei. Ontem me diverti e me senti muito feliz por ver, a cada olhada pro lado, pra frente, pra trás, alguém de quem gosto muito. Eu estava tão feliz que o aniversário parecia meu. Acho que dei uns vinte mil abraços...rsrs

Hoje essa felicidade continua aqui, o sorriso vindo fácil ao rosto, ao pensar nos meus bons e tão queridos amigos.
Todos já plantaram sua arvorezinha no meu coração, uma árvore de raízes fortes. Não importa que o ritmo de nossas vidas não se possa acompanhar, esteja em constante mudança e mutação. Assim é a vida, assim somos nós, seres com interesses, crenças e prioridades diversas. Eu sinto aqui dentro que a árvore pode perder as folhas, ficar meio seca, parecer sem graça, carente de atenção e dedicação, mas não morre. Bastará sempre (e apenas) um pouco de adubo e afeto e a árvore crescerá novamente, terá folhas verdes, dará frutos.
E essa sensação me enche de alegria, de conforto, de sei lá mais o quê.

Me dá vontade de retribuir em amor. Me dá vontade de dizer a todos os meus amigos: eu amo vocês! Porque pra isso não há hora nem local apropriado. Que seja aqui, então. Neste lugar que é o meu canto no meio do mundo da internet. Que seja hoje: um dia como qualquer outro, mas, principalmente, um dia feliz. :)

quarta-feira, julho 20, 2005

Dia do amigo

Amizade, tema de sempre
Artur da Távola

O mistério da amizade talvez resida no alívio trazido pela existência de alguém empático que nos acolha. Digo acolha e, não, recolha, porque aí já seria dependência de um lado e paternalismo do outro. Acolher significa receber de bom grado, previamente, sem julgamentos ou resistências. Recolher já significa proteger, paternalizar. É outro caso.
Os seres humanos vivem a julgar e suas opiniões prévias interpõem barreiras na comunicação, dificultando. O mistério da afinidade consiste na inexistência das resistências ao outro mesmo quando haja discordância com ele. Isso não deriva apenas de afeto. Quanta vez há afeto entre as pessoas sem, porém, a aceitação natural, espontânea e prévia? É afeto mais empatia profunda.
Quando se tem um amigo e a relação de ambos é independente, isto é, um não necessita do outro, a convivência é sempre desejável pois feita exclusivamente da vontade de troca.
No caso de amigos da juventude, o que será essa troca? Idéias? Pensamentos políticos, literários ou religiosos? Nem sempre.
Em primeiro lugar, parece-me ser a troca de saudades, a vontade de reter um tempo passado e atenuar a proximidade da morte com seu cortejo de ansiedades patentes ou disfarçadas.
Reter um tempo passado por intermédio das recordações, no fundo quer dizer que sentimos muita saudade de tudo o que existiu fora e dentro de nós ao tempo em que idealizávamos a vida. Éramos sonhadores. Nunca se esquece das vivências internas dos anos em que éramos feitos de muitos sonhos...
Em segundo lugar, essa troca prazenteira entre amigos é afeto puro e gratuito, um, sentimento interno de natureza amorosa no mais amplo sentido da palavra. Esse afeto provém da seguinte constatação: amizade é o que resta da amizade. Se o que resta de uma amizade é amizade, então amizade é, verdadeira!



Vou ter que continuar devendo um texto meu sobre amizade...logo esse sentimento que me é tão precioso! Hoje a inspiração não virá.
Saber que tenho amigos verdadeiros é um motivo de muita alegria na minha vida. Tento agradecer essa benção sempre que possível, pois é um privilégio ter pessoas na vida com quem se pode realmente contar.
Por enquanto, fico assim: aos meus amigos, o meu muito obrigado.

terça-feira, julho 19, 2005

Afinidade

Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois
Artur da Távola

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.


Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Não é sentir contra,
nem sentir para,
nem sentir por,
nem sentir pelo.

Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.


(e amanhã, dia do amigo, Amizade, é claro.)